domingo, 15 de janeiro de 2012

Shemá Israel...


A historiadora Yaffa Eliach conta que, após a Segunda Guerra, um judeu americano de nome Liberman decidiu resgatar o maior número de crianças judias que haviam sido escondidas em mosteiros e orfanatos durante o conflito. Foi à Europa, visitando mosteiros a mosteiros, orfanato a orfanato e, ao entrar em cada instituição, recitava o Shemá Israel. As crianças que reconheciam as palavras eram judias.
Shemá Israel A-do-nai
Elokenu A-do-nai Ehad.
Ouve Israel, A-do-nai é nosso D’us,
A-do-nai é Um.

           Ouve, atentamente, ó Israel, preste atenção, abre totalmente sua percepção, silenciando completamente a mente, medite sobre o que estiver pronunciando, interiorize e absorva a mensagem de tal forma que se torne parte de sua própria essência... D’us é Um e é Único, e Ele é nosso D’us.
Este versículo que inicia uma das mais antigas e importantes orações do judaísmo, o Shemá, é nossa declaração de fé. Nesta é proclamada a própria essência do judaísmo, o que sempre diferenciou os judeus de outros povos: a crença na Unidade e Unicidade de D’us e a lealdade eterna de Israel para com seu D’us. Shemá Israel foi que o patriarca Jacob ouviu dos filhos em seu leito de morte. Foram às palavras usadas por Moisés para se dirigir aos judeus em seu último discurso, no deserto.
O versículo resume o primeiro e o segundo mandamento do Decálogo; é a primeira oração que a mãe ensina a seu filho; são as últimas palavras pronunciadas por um judeu antes da morte. Presenciar durante a Neilá, ao término do Yom Kipur, um judeu recitar em voz alta, em uníssono com sua comunidade, o Shemá Israel, é uma experiência espiritual inigualável. Com as palavras do Shemá nos lábuis, muitos judeus enfrentaram as fogueiras da inquisição e as câmaras de gás durante a Segunda Guerra. Foram as últimas palavras de rabi Akiva que, preso pelos romanos após a revolta de Bar Kochba na Judéia, foi cruelmente torturado e executado em praça pública. Segundo o Talmud, ao pronunciar a palavra Ehad, Único, a alma de rabi Akiva deixou seu corpo.

Artigo extraído da revista Morashá, nº 25 de 1999.