quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Penso! Logo, busco compreender.


Novo ano está para iniciar.
Ouvimos, lemos tanto coisa que se falam e publicam, e se você caro leitor, não se dispor a buscar seu entendimento e compreensão, receberá o fast food na porta de tua casa, sem trabalho nenhum de ir buscá-lo, podendo chegar até digerido.
Deparo constantemente, com falas já ditas, não como expressão de ilustração, mas palavras de CONTROL C, CONTROL V. Vivemos em uma época, onde o correr é meramente parte do corriqueiro e corre-se muitas das vezes, sem saber para onde, todos estão correndo, então vamos!
É isso que, na opinião de Kant, faz do público Houseview, "gado doméstico", arrebanhamento, de modo que todos aceitem, resignadamente, permanecer confinados no curral, cientes do risco de caminhar sozinho.

Kant aponta uma lista de oráculos da verdade: o mau governante, o militar, o professor, o sacerdote etc. Todos clamam "Não pensem!" "Obedeçam!" "Paguem!" "Creiam!" O filósofo francês Dany-Robert Dufour sugere incluir o publicitário que, hoje, ordena ao rebanho de consumidores: "Não pensem! Gastem!"

Tocqueville, autor de Da democracia na América (1840), opina em seu famoso livro que o tipo de despotismo que as nações democráticas deveriam temer é exatamente sua redução a "um rebanho de animais tímidos e industriosos", livres da "preocupação de pensar".

O velho Marx, que anda em moda por ter previsto as crises cíclicas do capitalismo, assinalou que elas decorreriam da superprodução, o que de fato ocorreu em 1929. Mas não foi o que vimos em 2008, cujos reflexos perduram. A crise atual não derivou da maximização da exploração do trabalhador, e sim da maximização da exploração dos consumidores. "Consumo, logo existo", eis o princípio da lógica pós-moderna.

Somos seres pensantes, capacitados para discernirmos, com possibilidades para mudarmos o que tentam impor, empurrar. Quando, ao caminhar, reflita se é o que deseja para você e aos que estão com você.

Paulo R. Magalhães