quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Religião e Política



Estas palavras, “Religião e Política” são diferenciadas plenamente em todo seu sentido linguístico, mas o que vemos hoje em alguns contextos da sociedade é uma relação forte e por certos casos, aplicados a estas palavras. Mas, antes de decorrer sobre elas, vejamos o seu significado científico e acadêmico.
Religião (do latim religare, de significado especulativo) é um conjunto de sistemas culturais e de crenças, além de visões de mundo, que estabelece os símbolos que relacionam a humanidade com a espiritualidade e seus próprios valores morais. Muitas religiões têm narrativas, símbolos, tradições e histórias sagradas que se destinam a dar sentido a vida ou explicar a sua origem e do universo. As religiões tendem a derivar a moralidade, a ética, às leis religiosas ou um estilo de vida preferido de suas ideias sobre o cosmos e a natureza.
A palavra religião é muitas vezes usada como sinônimo de fé ou sistema de crença, mas a religião difere da  crença privada na medida em que tem um aspecto público. A maioria das religiões têm comportamentos organizados, incluindo hierarquias clericais, uma definição do que constitui a adesão ou filiação, congregações de leigos, reuniões regulares ou serviços para fins de veneração ou adoração de uma divindade ou para a oração, lugares (naturais ou arquitetônicos) e/ou escrituras sagradas para seus praticantes. A prática de uma religião pode também incluir sermões, comemoração das atividades de um deus ou deuses, sacrifícios, festivais, festas, transe, iniciações, serviços funerários, serviços matrimoniais, meditação, música, arte, dança, ou outros aspectos religiosos da cultura humana.
            O desenvolvimento da religião assumiu diferentes formas em diferentes culturas. Algumas religiões colocam a tônica na crença, enquanto outras enfatizam a prática. Algumas religiões focam na experiência religiosa subjetiva do indivíduo enquanto outras consideram as atividades da comunidade religiosa como mais importantes. Algumas afirmam serem universais, acreditando que suas leis e cosmologia são válidas ou obrigatórias para todas as pessoas, enquanto outras se destinam a serem praticada apenas por um grupo bem definido ou localizado. Em muitos lugares, a religião tem sido associada com instituições públicas, como educação, hospitais, família, governo e hierarquias políticas.
Este assunto tem divido as religiões em três categorias em um formato maior, e alguns acadêmicos que se dedicam a este estudo, interpretam como: religiões mundiais, um termo que se refere a crenças transculturais e internacionais; religiões indígenas, que se refere a grupos religiosos menores, oriundos de uma cultura ou nação específica; e o novo movimento religioso, que se refere a crenças recentemente desenvolvidas. Uma teoria acadêmica moderna sobre religião, o construtivismo social, diz que a religião é um conceito moderno que sugere toda prática espiritual e adoração segue um modelo semelhante ao das religiões abraâmicas, como um sistema de orientação que ajuda a interpretar a realidade e definir os seres humanos e, assim, a religião, como conceito, tem sido aplicado de forma inadequada para culturas não ocidentais que não são baseadas em tais sistemas ou em que estes sistemas são uma construção essencialmente mais simples.
Ao dizer que, “o homem é um animal político”, o filósofo grego Aristóteles, traz a luz a definição mais clara da relação “homem e política”. No entanto, política denomina arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados; aplicação desta ciência aos assuntos internos da nação (política interna) ou aos assuntos externos (política externa). Nos regimes democráticos, a ciência política é a atividade dos cidadãos que se ocupam dos assuntos públicos com seu voto ou com sua militância.
A palavra tem origem nos tempos em que os gregos estavam organizados em cidades-estado chamadas “polis”, nome do qual se derivam palavras como “politiké” (política em geral) e “politikós” (dos cidadãos, pertencentes aos cidadãos), no latim “politicus” e chegaram às línguas europeias modernas através do francês “politique” que, em 1265 já era definida nesse idioma como “ciência do governo dos Estados”.
O termo é derivado do grego antigo πολιτεία (politeía), que indicava todos os procedimentos relativos a polis, ou cidade-Estado. Por extensão, poderia significar tanto cidade-Estado, quanto sociedade, comunidade, coletividade e outras atividades referentes à vida urbana.
Quando trazemos estas palavras ao nosso momento, “Religião e Política” passam a ter um significado e em alguns momentos, de repudio e vergonha, pois o que presenciamos são atitudes que não condiz com a raiz da palavra. Em nome destas palavras certos homens buscam seu deleite, não importam com seu semelhante, falam do que acreditam, mesmo que não tenham um fundamento, falam.
No século passado e neste século, muita palavra com plenas definições  vem perdendo sua essência, sua pureza, e estas palavras, como “Religião e Política”, estão entre estas que no caminhar do tempo, não saberemos mais, seu significado e sua raiz etimológica.
Paulo R. Magalhães